domingo, 24 de maio de 2015

Barra Grande, Ilhéus e Itacaré



Pouco tempo depois de terminada a viagem para o paraíso de Fernando de Noronha, apareceram algumas promoções  de passagens interessantes e acabamos aproveitando para ir, num primeiro momento para Ilhéus, outro destino que muita gente fala que é lindo (não é bem assim, veremos o porquê).

Antes de viajarmos, pesquisamos os lugares e, principalmente, as opiniões de quem já esteve lá. Percebemos que muita gente reclamava da insegurança de Ilhéus e que as praias urbanas não eram muito bonitas, e todos recomendavam ficar em apenas umas das praias: a Praia dos Milionários. Também recomendavam fortemente passar uns dias em Barra Grande, que fica 150 km ao norte de Ilhéus.

Resolvemos passar então mais dias em Barra Grande e aproveitar os dias de maré baixa em Taipus de fora, lugar recomendado para fazer mergulho com skorkel. Para chegar até Barra Grande, é uma aventura cansativa, pois após desembarcar no aeropoto de Ilhéus, deve-se pegar um taxi para chegar na rodoviária e pegar um ônibus rumo a cidade de Camamu (+ ou - 2h30min de viagem pela costa do dendê). De Camamu, deve-se pegar uma lancha rápida até Barra Grande (40 min). Logo, levamos o dia todo viajando, já que saímos às 7h da manhã de Porto Alegre e chegamos às 18h em Barra Grande.
Pode acreditar, parece engraçado, eu ri na hora, mas a tradução está correta pelo que li no dicionário Oxford.


Cidade de Camamu, de onde as lanchas rápidas saem para Barra Grande.

Assim como Salvador, Camamu é dividida em cidade alta e cidade baixa.



Barra Grande faz parte da Península de Marau cercada por ilhas menores.
 
A primeira impressão que tivemos de Barra Grande foi que tínhamos voltado ao mesmo clima de Jericoacoara. Estradas de chão batido, um centrinho charmoso, muita tranquilidade para caminhar e não se preocupar com mais nada. Começamos comendo uma deliciosa moqueca de peixe e tomando o melhor suco de cacau da região na Cantina Italiana. Como estávamos exaustos, fomos dormir cedo para aproveitar a praia na manhã seguinte.

No dia seguinte, como a maré estava baixa, pegamos uma jardineira para ir à Praia de Taipus de Fora. Pagamos R$ 10,00 por pessoa, e é exigido o mínimo de 4 pessoas para sair. A Praia de Taipus de Fora é linda, uma das mais belas que já fomos, e é muito pouco divulgada sua imensa piscina natural.

Fizemos snorkling e nadamos costeando os recifes naturais, durante o mergulho vimos muitos sargentinos, donzelinhas, cirurgião, stegastes fuscus, sardinhas e até uma moréia. Para aproveitar melhor, procure ir nos períodos de lua nova ou lua cheia, onde a maré fica mais baixa. 

Sargentinhos buscando comida junto aos turistas. Eles nem se importam mais com a presença humana, principalmente se tem comida sendo jogada na água.







Piscina natural formada durante a maré baixa. Ótima para quem usar o snorkel para ver uns peixinhos, com água quentinha.






Moréia escondia embaixo de uma pedra.













De volta a vila principal, à tarde, resolvemos dar uma caminhada pela praia, saíndo do pier e indo até a Ponta do Mutá onde existe um farol quadrado, um dos poucos que existem no mundo.

Pier de Barra Grande.

Praia de Barra Grande, essa vista deixa saudades!!!


Farol quadrado da Ponta do Mutá.

No dia seguinte fizemos o passeio das 4 ilhas, um passeio de barco por onde passamos pela Ilha da Pedra Furada, Goió,  Sapinho e Campinho. Cada uma delas é uma ilha pequena no meio da Bahia de Camamu, algumas como a Ilha de Goió e Campinho são habitadas. 

A Ilha da Pedra Furada foi formada pelas forças das águas, contendo várias pedras furadas em torno da ilhas. Não é habitada, é aberta para visitação e é cobrada uma taxa de R$ 5,00 para entrar.







Saindo da Ilha da Pedra Furada, logo a frente, fomos para a Ilha do Goió, onde paramos para banho e quem quisesse tinha um barzinho com bebidas e petiscos. A ilha parece uma daquelas ilhazinhas bonitas no meio do nada, desabitadas, embora lá existem 5 mil pessoas morando nela. Ficamos mais ou menos uma hora aproveitando a água que estava na temperatura certa, como sempre.

Ilha de Goió.



Na hora do almoço nos deslocamos para a Ilha do Campinho, próxima a Ilha do Goió. É um ótimo lugar para almoçar e lá conhecemos a moqueca de aratu, uma espécie de carangueijo, e recebemos um provinha de uma cachaça feita pelos donos do restaurante, a jamaicana, que eu particularmente gostei bastante. Almoçamos e ficamos por ali por umas duas horas aproximadamente antes de retornarmos do passeio. Uma curiosidade sobre o local é que na Ilha do Campinho caiu o avião do escrito francês, Antoine de Saint-Exupéry, que acabou visitando a ilha várias vezes, inclusive possuindo uma casa lá.


Moqueca de aratu. Muito boa.

Cacau vermelho. Eu achava que só existiam os amarelos...


O resto da tarde ficamos passeando por Barra Grande, caminhando pela praia grande, conversando e tomando água de côco, para no final, curtir o pôr do sol.

No dia seguinte, resolvemos fazer algo diferente, ir até Algodões, mas sem pegar van ou algo do gênero. Alugamos um quadriciclo, que estava muito barato em Barra Grande para o dia todo, custou R$ 80,00 mais a R$ 30,00 de gasolina. Geralmente é mais caro, mas experimente negociar na baixa temporada e não se arrependerá.

Mapa do passeio de quadriciclo.
 
Durante o trajeto passamos por vários lugares como a Lagoa Azul, Lagoa do Cassange, até chegarmos a Algodões. Você pode ir pela BR 030, que é uma estrada de chão ou seguir uma trilha cheia de bromélias gigantes, onde você poderá parar em várias praias desertas. É melhor levar comida e água porque no caminho não vimos nem um bar aberto, a não ser na BR 030 e em Saquaíra.


Lagoa Azul.



O passeio passa por algumas estradas dentro de algumas propriedades, melhor andar com atenção, porque tem vários quadriciclos e carros passando pelo mesmo caminho.



Bromélias por todo o caminho.



Depois de andar aproximadamente 12km chegamos à Praia de Algodões que é bem bonita, estava tranquila, é outro ponto para mergulho com snorkel, embora não chegue aos pés de Taipu de Fora em termos de quantidade de espécies que podem ser vistas. Também tem recifes na Praia de Algodões, e a correnteza era bem forte. Como era baixa temporada não vimos ninguém na praia, nem nos bares que estavam todos fechados. Mas o que interessa era que a água estava na temperatura certa para um bom banho de mar. Dica, leve seu próprio snorkel, pois não vimos local para alugar.


Praia de Algodões.





Na volta passamos pela Lagoa do Cassange, uma lagoa grande cercada por palmeiras. Para quem gosta de caiaque sem fortes emoções é o lugar certo.

Lagoa do Cassange

Uma paradinha na Praia de Saquaíra para pegar uma água de côco.

De volta à Barra Grande, como chegamos cedo, por volta das 16:00hs e ainda deu tempo de ir em Taipu de Fora e depois circular por outros pontos da ilha. Fomos de ponta a ponta, passando pela Praia dos Três Coqueiros, e no fim paramos de frente para a Ilha do Campinho para ver o pôr do sol antes de devolver o quadriciclo.






No dia seguinte, e o último dia em Barra Grande, foi o dia com a maré mais baixa da semana, que permite a formação das piscinas naturais e a melhor oportunidade para ver a vida marinha. Estava um dia ótimo, ensolarado, com o céu sem nuvem. Confira os vídeos abaixo:









O último dia foi muito bem aproveitado e deixou saudade. Na manhã seguinte fizemos o caminho inverso para Ilhéus, partindo de lancha para Camamú, e de lá indo de ônibus até Ilhéus. Levamos a tarde toda viajando.

Em Ilhéus as praias são urbanas e, a maioria, não é indicada para banho e sim para surf. No litoral sul existem duas praias frequentadas pelos banhistas, a Praia dos Milionários e, mais perto do centro da cidade, a Praia do Cristo, indicada para quem gosta de jet ski ou caiaque. Nós ficamos um dia na Praia dos Milinários, eu particularmente não achei grande coisa, pois as ondas são fortes e faltou aquela cor bonita esverdeada típicas das praias dos nordeste.



Praia dos Milionários.



A cidade de Ilhéus me pareceu decadente, segundo alguns moradores isso foi devido a queda do mercado de cacau, que antes enriquecia a cidade. Dois dias são o suficiente para conhecer a cidade, um dia você pode ficar nas praias e no outro ir conhecer outros pontos da cidade, como o mercado de artesanato, a Casa de Cultura Jorge Amado, o Bataclã, como veremos mais na frente. 

Terminado o primeiro dia decidimos ir a Itacaré no dia seguinte. Itacaré é muito mais bonita que qualquer praia urbana de Ilhéus, tem muitos pontos para banho e também para surf. O passeio levou o dia todo e tivemos a sorte de pegar um guia muito engraçado.

O primeiro ponto de parada foi o Mirante Serra Grande, onde se pode ver algumas praias de cima:

 


Depois seguimos por uma trilha no meio do mato até chegar na praia de Havaizinho. Paramos para tomar um banho de mar e beber uma deliciosa caipirinha de cacau. Apesar das ondas serem um pouco forte, dava para tomar banho tranquilo. A praia é bem pequena, porém muito bonita. Ela deve lotar muito fácil na alta temporada, possuíndo apenas duas barracas com bebidas e petiscos. Aviso, não possuí banheiro!!!! Somente uma bica de água doce.


Praia de Havaizinho.




A caipirinha de cacau é servida no próprio cacau. Recomendo.

Passamos boa parte da manhã nesse ponto e depois fomos para a Praia da Concha em Itacaré, onde já se encontra uma estrutura melhor com mais restaurantes, supermercados, etc. Algumas praias de Itacaré tem que pagar para entrar e estacionar o carro. Apesar do preço ser alto, vale a pena, pois os locais são bonitos e também seguros. Alguns pontos podiam ser alcançados por trilhas nas matas, mas devido aos assaltos ninguém arrisca mais fazê-las. Outra opção é alugar um carro assim que se chega em Ilhéus.

A Praia da Concha é a mais tranquila, praticamente sem ondas e, como qualquer praia da Bahia, tem a temperatura ideal. Ela se parece muito com a praia da Pipa na maré alta. Paramos por lá para almoçar e aproveitamos para ir caminhando a outros pontos da praia, tentando chegar mais perto do farol quadrado, um dos poucos que existem no mundo.


Almoçar na beira da praia tem seu valor!
Farol quadrado na Praia da Conha.




Na maré baixa é possível chegar a pé até o farol


Depois fomos para à Praia da Tiririca, onde passamos por uma trilha de pedra para chegar na Praia da Costa. São praias pequenas, mas indicadas para a prática de surf. Mesmo assim, são muito bonitas e vale a pena ir até lá. As pousadas a beira mar são lindíssimas e, segundo o guia, qualquer troco de quitanda paga elas :)

Vista da Praia de Tiririca.

Do outro lado da trilha temos a Praia da Costa

Praia da Costa




Terminamos o dia na Praia da Ribeira, que conta com alguns bares perto da praia e muito frequentada por estrangeiros. Não chegamos a entrar na água, apenas aproveitamos a tranquilidade do local para ficar conversando e fazendo o que fazemos de melhor: nada.

Praia da de Ribeira

Terminado o passeio, retornamos ao hotel e, no dia seguinte, tiramos a manhã para ir ao centro de Ilhéus, no artesanato e alguns pontos turísticos. Optamos por ir de ônibus comum, pois a cidade é pequena, e ,infelizmente, tem engarrafamentos. Então não valeria a pena pagar taxi para ficar parado.

Depois de ir no mercado de artesanatos, que era pequeno e caro, fomos ao centro da cidade para tirar fotos de alguns lugares históricos como o Palácio Paranaguá, onde fica a prefeitura.



Passamos em frente a casa de cultura Jorge Amado:



Em seguida chegamos ao Bar Vesúvio, um dos mais tradicionais da cidade, e da Catedral de São Sebastião. Eles fica lado a lado praticamente.

Bar Vesúvio.



Terminamos nosso passeio no Cabaré Bataclan, antigo cabaré da cidade que tem uma história curiosa. Existe uma passagem secreta entre Bataclan e o Bar Vesúvio. Logo, os coronéis utilizavam quando deixavam suas esposas na catedral rezando, e, nesse meio tempo, davam uma escapadinha para o bordel. Para tudo isso dar certo, o padre era bem pago para que a missa durasse três horas e badalasse o sino avisando os puladores de cerca que a missa acabou. Assim, poderiam voltar ao Bar Vesúvio e pegar suas esposas para levá-las para casa. Paga-se 10 reais para visitar o bataclã.

Palco reconstruído onde os shows eram realizados

Quarto de Maria Machadão, a dona do Bataclan.

Depois do passeio na cidade voltamos para o hotel para pegar as malas e voltar para Porto Alegre. No hotel havia uma criação de porquinhos da índia e de algumas espécies de periquitos que estavam muito acostumadas com a presença humana, assim era possível pegá-los.





Esse aí apesar de pequeno é muito brabo, não deixava ninguém chegar perto dos porquinhos da índia.



A viagem foi ótima, recomendamos que o leitor passe mais dias em Barra Grande e reserve no máximo três dias para Ilhéus, passando por Itacaré obrigatoriamente, e que faça o passeio de quadricilo em Barra Grande, pois o preço está muito barato. Você fica com ele o dia inteiro para andar e, comparado com outros lugares que fomos, paga-se R$ 80,00 para andar no máximo uma hora.





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