sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Fernando de Noronha, 5 dias no Paraíso

Para fechar o ano de 2014 com chave de ouro, nossa viagem não poderia ser melhor, mas sempre obedecendo a mesma filosofia, viajando bem e pagando barato. Novamente, a minha namorada sempre atenta as promoções de passagens e hotéis, achou uma promoção para Fernando de Noronha, um dos destinos mais caros do Brasil, mas comprando com antecedência e aproveitando as promoções das empresas aéreas dá pra ir sem estourar o orçamento. No nosso caso pegamos uma promoção da Azul que, na minha opinião, é a melhor companhia para se viajar.

Viajamos no final do mês de novembro, permanecendo na ilha por 5 dias, o que é o suficiente para conhecer tudo que tem de bonito por lá. Já na chegada podemos ver o quão lindo é o lugar, o avião circundou a ilha antes de aterrizar. A primeira dica que podemos dar é: vá do lado esquerdo do avião, por que antes de aterrizar o piloto (pelo menos os da Azul) dá uma volta sobre a ilha para que os passageiros possam vislumbrar a beleza do lugar ainda no ar. Vejam as fotos:







Ao chegar em Fernando de Noronha qualquer pessoa que não more lá deve pagar uma Taxa de Preservação proporcional ao número de dias que irá permanecer. É melhor pagar pela internet para não ter que perder tempo em filas e claro, guarde o comprovante de checkout, pois você terá que apresentá-lo no momento de deixar Fernando de Noronha.

Depois fomos até a empresa que realizou nosso translado para o hotel e, que também realiza passeios, para ver o que tinha para fazer na ilha. Como é uma área de preservação controlado pelo ICMBio, há a necessidade de ir com guia na maioria dos lugares, principalmente se você quiser fazer o passeio na Trilha do Atalaia.

No primeiro dia não fizemos muita coisa em termos de visitação, apenas pesquisamos quais passeios as operadoras ofereciam e quais os preços e agendamos todos para não correr o risco de ficar um dia sem fazer nada. Agendamos os melhores passeios: o Ilha Tour, Passeio de Barco com aqua-sub, e o mergulho com cilindro, tudo pela Reservas Noronha, que apresentou os melhores preços.

Preferimos pegar o Ilha Tour como primeiro passeio, por que nele se percorre várias praias dando uma idéia geral de Fernando de Noronha e, caso ficássemos com alguma tarde ou manhã livre, iríamos em algumas das praias (as melhores, claro) que são apresentadas nesse passeio.

Para não dizer que não vimos nada de interessante no primeiro dia, demos um pulo na Praia do Cachorro que já deixou um gostinho de quero mais, só de ver a cor verde da água, mesmo com a pouao luz do pôr do sol, e o barulho das ondas do mar que é algo muito bom de se ouvir.

Fernando de Noronha foi base americana na Segunda Guerra Mundial, por isso tem canhões espalhados pela ilha. Além disso, serviu de prisão no tempo de Getúlio Vargas, onde ficaram presos algumas pessoas famosas como o escritor Graciliano Ramos.


Praia do Cachorro.

Vista de cima da Praia do Cachorro.

Assim terminou o primeiro dia. Jantamos, bem caro diga-se de passagem. Leve dinheiro por que lá não tem caixa de banco, e esqueça o wifi por que lá não funciona. Nas próximas linhas descrevo cada passeio que fizemos nos dias seguintes, começando pelo Ilha Tour.

Ilha Tour

O passeio Ilha Tour é o passeio onde se vai às principais praias de Fernando de Noronha de caminhonete, em algumas delas pode-se mergulhar com snorkel e o uso de colete é obrigatório. Antes do passeio sair para as praias o turista pode alugar o equipamento (snorkel, pé de pato e colete) por R$ 25,00 ou se já tiver snorkel, o custo do pé de pato e do colete sai por R$ 15,00 e você pode ficar com o equipamento o resto do dia, não somente no passeio que você contratou.

A primeira praia que conhecemos foi a Praia do Leão, não é um local para banho devido a proximidade do local onde as tartarugas desovam, mas o visual da praia é muito bonito, confira as fotos abaixo:

A esquerda temos a pedra que dá o nome a praia que, segundo os nativos parece um leão marinho. Eu gostaria de saber o que eles tomaram para ver um leão marinho. Também quero.


Nesta praia existe um local de desova de tartarugas. Belo berçário.

Depois da Praia do Leão fomos até a Baía do Sueste, local onde são avistadas com certa facilidade tartarugas, tubarões, arraias, e muitas espécies de peixes. Basta fazer um mergulho com snorkel perto dos corais que você poderá ver muitos animais marinhos a uma profundidade de até 10 metros. A transparência da água é incrível, mesmo em dias nublados é perfeitamente possível enxergar o fundo do mar. Abaixo, algumas das fotos que tirei no fundo do mar com um câmera sony comum numa camera-bag. Note que a visibilidade não estava das melhores, o dia estava um pouco nublado e tinha uma correnteza que levantava um pouco de areia do fundo do mar, torando a água menos transparente.




Quando olhei pra baixo percebi que não estava sozinho, tinha um tubarão lixa embaixo de mim. 


Uma arraia escondida no fundo do mar.
No mergulho você tem que ficar atento quando menos espera aparece uma tartaruga.




A próxima praia que visitamos foi a Baía do Sancho, considerada a praia mais bonita do mundo, segundo os usuários da Trip Advisor e entendemos o porquê da escolha, basta olhar. Lá tem um mirante onde você pode apreciar a beleza da praia, principalmente a cor da água em um dia ensolarado. Para se chegar até a praia temos que descer algumas escadas entre rochas estreitas.
Vista do mirante na Baía do Sancho.

Vista de cima do Sancho, ao fundo temos o Morro dois Irmãos.

Filhote de atobá no ninho.


Esse roedor se chama mocó.

Vamos descer as escadas até a praia? Mas tem que levar tudo nas costas, snorkel, pé de mato, água, muita água.

Descendo as escadas, três para ser mais preciso, duas verticais de ferro e uma de degraus de pedra, chegamos a praia. Também é outro ponto para se apreciar a vida marinha. O mergulho com snorkel estava uma maravilha e nessa praia não é necessário utilizar colete o que permite mergulha e ir até o fundo do mar para tirar umas fotos, como essas abaixo:


Baía do Sancho.

Os peixes estão tão acostumados com a presença de humanos que nem se importam quando chegamos perto.


Peixe tigre, algumas vezes você não consegue percebê-lo devido a camuflagem dele nas pedras.




Depois do Sancho, subimos de volta toda aquela escadaria carregando o material nas costas e fomos para a Praia do Boldró para terminar o dia vendo o pôr do sol. No caminho passamos pelo Buraco da Raquel, que é uma pedra furada que se formou devido milhares de anos de contato da água com as pedras. Nesse mesmo local tem um pequeno museu do tubarão onde estão expostos mandíbulas de várias espécies de tubarões.

Buraco da Raquel.









Seguimos o passeio e chegamos à Praia da Cacimba do Padre, que leva este nome por que lá morava um padre que construiu uma cacimba, uma tipo de poço, em ponto onde jorrava água potável, que foi encontrada pelo padre.

Lembre-se que Fernando de Noronha é uma ilha de origem vulcânica no meio do oceano e não possui lençóis freáticos, esse era o único ponto de água doce disponível, resultado do acúmulo de água da chuva durante milhares de anos, depois de um certo tempo a água se precipitou até a superfície. Hoje, ela não existe mais e água potável só chega lá por meio de avião ou coletando-se da chuva.



Depois da Cacimba do Padre, chegamos a Baía dos Porcos, outra praia linda, com algumas formações  rochosas dentro da água, chamada Dois Irmãos, que já tinha visto na Baía do Sancho. 

Essa praia é boa para quem gosta de surfar.


Dois Irmãos


Atobá adulto.


Saindo daí, seguimos para a Praia do Boldró, nosso destino final. Ela leva esse nome por que nela existem várias pedras arredondadas e lisas, algumas escuras e outras mais claras, formadas pelo contato da rocha com a água do mar. 

A praia servira de ponto de observação quando os americanos estavam por lá na Segunda Guerra Mundial, e costumavam chamar essas essas pedras de bald rocks, pedras carecas em inglês, os nativos aportuguesaram e originou-se o nome do lugar. De lá podemos observar o pôr do sol do alto de um morro. Confira as fotos abaixo:





Terminou o passeio, mas não terminaram as atividades. Todos os dias o Projeto TAMAR dá uma palestra em sua sede sobre alguma coisa relacionada a preservação das espécies de tartarugas e outros animais da região. Cada dia é abordado um tema diferente: tartarugas, tubarões, golfinhos, etc. Terminada a palestra que dura aproximadamente uma hora, estávamos muito cansados e fomos para o hotel descansar por que, no dia seguinte, teríamos o passeio de barco e estávamos na expectativa de ver os golfinhos.

Passeio de Barco

O passeio de barco sai do pequeno porto de Fernando de Noronha e passa por várias praias indo até a Ponta da Sapata, no outro extremo da ilha. Passamos pelas mesmas praias que fomos no dia anterior mas agora, vendo-as a partir do mar. Fomos ao Sancho de novo e paramos para um mergulho, claro que aproveitamos para ver de novo os animais no fundo do mar com o snorkel. Durante o passeio vimos várias formações rochosas e outras praias como a Praia do Meio e a Praia da Conceição, até chegar ao final da ilha onde tinha uma pedra que parecia um urso tocando piano. Confira as fotos:









Ursinho tocando piano, vai dizer que não parece?

O passeio dura uma manhã terminado com o aqua-sub,  no qual, você desliza sobre e sob as águas sendo puxado pelo barco. Você vai agarrado em uma pequena prancha que permite submergir e ver os animais no fundo mar e inclusive um navio naufragado. Vale a pena fazer.

Lá vou eu submergindo.


A tarde não tínhamos nenhum passeio agendado e ficamos na Praia da Conceição, que não estava boa para banho pois tinha muitas ondas e estava melhor para quem gosta de surfar. Um sortudo que entrou na praia e conseguiu ver uma arraia jamanta. Tinha que ser idéia minha mesmo, melhor teria sido se tivéssemos ido novamente à Baía do Sancho. Por outro lado, é a única praia que tem uma certa estrutura, pois lá tem um bar onde se pode alugar guardar sol ou comprar água.

Praia da Conceição.
Vista da Praia do Meio, que fica ao lado da Praia da Conceição.
Ao final da tarde fomos até a Praia do Cachorro para comer uma tapioca e tomar uma cerveja gelada e, depois descansar para a melhor coisa que se pode fazer em Fernando de Noronha, o mergulho com cilindro. Mas ainda no caminho, resolvemos dar uma passadinha no Forte Nossa Senhora dos Remédios e ver o pôr do sol mais uma vez.










Mergulho

No dia seguinte fizemos o mergulho pela Reservas Noronha na Boca do Inferno. Não fazer esse passeio é o mesmo que não andar de bug em Natal, não conhecer as vinícolas em Bento Gonçalves ou deixar de conhecer os corais de Porto de Galinhas, ou seja, o clímax (sem sacanagem) da viagem é fazer esse passeio. É caro, sim, pagamos R$ 350,00 por pessoa, mas vale muito a pena, só pelo fato de você ver como a vida embaixo da água é rica e colorida. O passeio é seguro, cada pessoa vai acompanhada de um mergulhador que vai regular a profundidade do mergulho passando perto dos pontos onde se concentram mais peixes, lagostas, e ao conduzir o turista, garante que este não vai tocar nos corais, removê-los, interferindo o mínimo no meio-ambiente.
















O mergulho durou trinta minutos o que, para mim pareceu pouco, mas valeu a pena, vi muitos peixes e os fotografei.

Na volta para o porto, os golfinhos resolveram aparecer para acompanhar o barco. Gravamos a surpresa:




A tarde choveu, a "chuva da fruta", como os nativos chamam, pois é aquela água que cai do céu e faz as plantas frutificarem. Descansamos pela tarde no penúltimo dia no paraíso, pois no dia vindouro, iríamos ao passeio mais concorrido, que eu particularmente, não acreditava que seria tão bom. 

Trilha Curta do Atalaia

No último dia da viagem, pela manhã, havíamos agendado a visita à Praia do Atalaia, que aliás você deve agendar assim que pisa em Fernando de Noronha, pois é o passeio mais concorrido e somente 100 pessoas por dia são permitidas na visitação por motivos de preservação. Assim que você chegar em Noronha, vá até o ICMBio, em horário comercial, e agende seu passeio.
 
O dia amanheceu nublado, anunciando que seria um passeio ruim, tempo perdido mesmo. O passeio tem duas opções, a trilha curta, que dura em torno de duas horas, com flutuação em uma piscina natural, e a trilha longa de cinco horas de duração, com duas piscinas naturais e caminhada é bem mais longa, 5km, se não me engano. 

Caminhamos durante meia hora até chegar a piscina natural formada pelo ciclo das marés, que ao baixar, faz com que alguns animais fiquem presos nessas piscinas até que a maré suba. É obrigatório o uso de colete para flutuar na piscina sem pisar no corais, e não se deve passar protetor solar na pele ou qualquer tipo de creme para não agredir o ambiente. Na piscina você pode ver de tudo: polvos, arraias, moréia, tubarões, várias espécies de peixes e, segundo o guia, tartarugas são raras, mas era o nosso dia de sorte.

A água era muito transparente, mesmo em um dia nublado, apesar que, minutos antes de entrarmos na água o sol resolver parecer, intensificando as cores do lugar, parecíamos flutuar poucos centímetros acima do chão. Seguem as fotos:










Acho que esse peixinho aí estava tímido, foi difícil tirar a foto dele, não parava quieto nunca, até ele se esconder nos corais.


Mas, infelizmente o que é bom dura pouco, e a tarde pegamos o avião de volta para o Sul. Fiz um videozinho da decolagem só pra registrar mais uma vez Fernando de Noronha vista do alto:





Bom, ficamos por aqui, agora vamos para a próxima...

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