sábado, 19 de janeiro de 2013

Bento Gonçalves RS


Bento Gonçalves - Vale dos Vinhedos


No inverno de 2012, como sempre fazemos eu e minha namorada, escolhemos um destino no Rio Grande do Sul para visitar em um fim de semana, de preferência em um bem frio para curtir o frio da serra, desfrutando de uma lareira, como em Cambará (veja esse post). 

O frio não ajudou muito, pois esse ano não fez aquele inverno que estamos acostumados aqui no Sul. Em compensação, a cidade de Bento Gonçalves não deixou a desejar. A cidade de Bento Gonçalves é a capital brasileira do vinho e da uva, de colonização italiana, onde muitos cenários descrevem os primeiros anos da chegada dos primeiros imigrantes. Ainda existem casarões de pedra e construções típicas daquela época. E, claro, a boa culinária italiana e o bom humor italiano, não falta na cidade. 




Dos principais atrativos de Bento Gonçalves fomos nos dois principais: o Vale de Vinhedos com vales e montanhas cobertos de parreiras das vinícolas familiares e comerciais, e o caminho das pedras, um roteiro no qual você viaja no tempo visitando casarões de estilo colonial italiano, com gastronomia típica, hábitos e tradições  dos imigrantes. 

Visitação as Vinícolas

A viagem durou 2 dias, no primeiro dia dedicamos a visitação das duas principais vinícolas da região: a Miolo e Casas Valduga. Reservamos a manhã de sábado para Miolo e a tarde para a Casas Valduga. 
Na Vinícola Miolo o visitante, além de conhecer as instalações da vinícola e conhecer o processo de fabricação do vinho, espumante e conhaque, ganha um mini curso de degustação de vinhos. O preço da visitação das vinícolas não é alto, variando entre R$ 15,00 e R$ 20,00. Confira abaixo algumas fotos da  Vinícola Miolo




As pipas onde os vinham ficam fermentando com a casca e a semente para fabricar o vinho tinto.

Além das pipas de madeira, existem as pipas de inox que permite controlas a temperatura com maior precisão e não interfere  no sabor do vinho.


Barris de carvalho onde o vinho fica fermentando de 6 meses a 2 anos, adquirindo os aromas do carvalho francês ou americano. É nesse processo que alguns vinhos adquirem aromas frutados.

São vários barris do vinhos de vários tipos de uva.

Lote 43 safra 2008, um dos melhores vinhos da Miolo.
Além do interior das instalações  da vinícola, existem outras com


Recepção da Vinícola Miolo.


Nesse local são mostradas as duas técnicas de cultivo da uva, a latada no centro da figura ou parreira horizontal, e a espaldeira, onde as uvas ficam na vertical e orientadas de forma a receberem o sol durante todo o dia. É considerada a melhor técnica para produção de vinhos. Nesse mesmo local, existem plantadas, uvas de várias partes do mundo.


Uvas de várias partes do mundo.





No final do passeio provamos alguns vinhos e sucos na loja da Miolo e compramos um vinho muito bom,  o Terranova Colheita Tardia, um vinho licoroso com sabor adocicado.


A tarde, depois de um almoço muito bom, no Trattoria Mamma Gemma, fomos conhecer as Casas Valduga, outra vinícola tradicional da região. É uma vinícola maior que possui, além das caves de pedra, possui pousadas e restaurantes. O preço da entrada foi de R$ 20,00  e o visitante ganha uma taça de cristal com a marca da casa. 

No início da visitação, todos os visitantes são convidados a assistir a um vídeo contando a história da Casas Valduga desde a chegada da família Valduga, no final do século 19, e logo começaram a cultivar os primeiros parreirais do Vale dos Vinhedos.  Ao longo da visitação diversos tipos de vinhos e espumantes são oferecidos e por último, o guia mostra a técnica de abrir uma garrafa de champagne, com um sabre, ao melhor estilo dos generais de Napoleão.  Confira abaixo algumas fotos:









Barris de carvalho. Os mais escuros contém conhaque ou brandy e podem ficar  em maturação por até  30 anos.



Máquina que realizava o envazamento do vinho.


















E assim terminou o primeiro dia, conhecendo duas das maiores vinícolas brasileiras.

No segundo dia, no domingo pela manhã, fomos conhecer umas das vinícolas mais tradicionais e mais antigas  do RS, a Vinícola Aurora (vídeo institucional), tida como maior vinícola do Brasil, que produz o famoso Keep Cooler, que eu particularmente não gosto muito, acho muito doce, prefiro o vinho Marcus James Tannat ou o Reserva Tannat dessa mesa vinícola. É uma vinícola mais industrial, maior parte do vinho é fermentado em pipas de aço inox e não em pipas de madeira. O passeio pela vinícola incluí uma passagem para um túnel subterrâneo onde se passa por baixo de uma rua. 

Ao longo do caminho o guia vai contando a história da vinícola. Lá podemos ver como ficam as paredes de uma pipa de madeira quando o vinho fermenta e forma cristais nas paredes das pipas, o que necessita que o vinho seja retirado e colocado em barris, de tempos em tempos, para que se retire esses cristais. Vimos os cristais que parecem uma camada de areia grudada na madeira.

No final do passeio fomos a uma instalação da vinícola onde os visitantes recebem provas de alguns produtos e nesse mesmo lugar tem uma grande escultura de Baco do deus romano do vinho, numa fonte de vinho.






Produtos premiados da vinícola expostos dentro de uma pipa de madeira.




Baco, deus romano do vinho, equivalente ao deus grego Dionísio.

A tarde realizamos o passeio do Caminhos de Pedra, um roteiro que contém várias casas antigas do primeiros imigrantes italianos por essas bandas. São 18 pontos de visitação, incluindo restaurantes, armazéns, confecções e casas antigas.



Não conseguimos ir em todos os lugares pois alguns estavam fechados mas conseguimos fazer um passeio bem legal nessa tarde. Você pode obter mais informações sobre os pontos de visitação nesse link.

O primeiro ponto que paramos foi no Restaurante Nona Ludia, feito de pedra. Nesse local você encontra a primeira casa do imigrantes italianos. Se você pensou que foi o restaurante, se enganou, a primeira "casa" dos imigrantes italianos foi uma gruta em um pé de umbu, pois quando chegaram aqui não tinha nada, apenas mato e como alguns chegaram com uma mão na frente e outra atrás não tinha outra opção a não ser se virar com o que tinha: pedras e madeira. Daí você percebe a dificuldade que determinadas pessoas passaram para construir uma vida no Brasil, tiveram que construir tudo com as próprias mãos e hoje você pode ver o resultado de um povo trabalhador.



Primeira casa dos recém chegados imigrantes italianos.

Em seguida, passamos por algumas casas antigas, como a Casa da Tecelagem onde ainda se fazem tecidos pelo método antigo artesanal. As casas antigas, nesse trecho são de madeira e não de pedra.








Seguinte em frente, fomos a Casa da Ovelha, um casarão antigo de 1917, onde experimentamos vários produtos laticínios, dentre eles o queijo de ovelha, que apesar de caro são muito bons. O que eu mais gostei foi o pecorino toscano 270 dias que tinha um gosto bem forte.  Além provar produtos muito bons, o visitante pode, inclusive conhecer o local onde ficam as ovelhas e tocá-las, já que são animais muito dóceis. 



Essa aí estava bem curiosa.

Saindo da casa da ovelha, por último, visitamos a Casa da Erva Mate, onde ainda funciona o moinho Cecconello acionado pela força das águas para triturar a erva mate (me deu até vontade de tomar um chimarrão).





Um dos pontos que mais desejávamos chegar era a Cascata dos Amores, mas não foi possível por que o caminho que leva até ela pertence a uma propriedade particular e o dono não permite mais que se entre na propriedade para ir até a cascata. Bom, tivemos que nos contentar de admirá-la de longe.





Umas das dificuldades que encontramos foi de saber a localização exata de terminados locais com os mapas que encontramos na internet ou mesmo pelo google maps. Felizmente, na Casa das Ovelhas encontramos um mapa do Caminho das Pedras contendo a localização e os nomes dos locais, enquanto alguns tinham apenas números apontando os locais de visitação sem dizer do que se tratava.


Bem, e assim terminamos nossa pequena viagem a Bento Gonçalves, só não tivemos tempo de fazer o passeio de maria fumaça que ficou para a próxima. 



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